
Prof. Jacinto Júnior
O governo “Mais avanço, mais conquistas”, uma vez mais, demonstra incontestavelmente a falta de compromisso para com o sistema municipal de ensino. E, paralelamente, total desrespeito para com a categoria. Há informações ‘rolando’ nas redes sociais de que a previsão para o início do ano letivo acontecerá somente no mês de março – pós-período carnavalesco.
Esse gesto icônico coopera para aquilo que, historicamente, entendemos como método invertido do discurso moderno-modernizante. E o que caracteriza esse processo deteriorante é a mesmice; sendo, portanto, a tônica reprodutora desse embalado anacronismo educacional.
Em que momento de nossa triturada história político-social haveremos de colher em terreno fértil uma boa semente, sadia, sem agrotóxico? – obviamente que, a verdade não faz parte em nenhum momento desse processo político na perspectiva do engrandecimento de nossa violentada cidade!
Temos sim, um gestor ‘descolado’ – fruto de uma mídia especializada em produzir fatos bombásticos, cuja finalidade é impressionar o cidadão, gerar expetativas e, principalmente, causar impacto aos filhos de Codó de que “o melhor ainda está por vir”! Aqui, se confirma essa tese antagônica. Afora, isso, vejamos o outro lado da história, o lado da nossa educação!
Qual o objetivo prático que tem o governo “Mais avanço, mais conquistas”, em prorrogar para o próximo mês (03/19) o início do ano letivo? Essa estratégia política tem alguma relação com o seu ‘batido’ discurso no campo econômico – controle de gastos – ou, ainda, algo em torno da recontratação de pessoal que só pode ocorrer sobre a aprovação de um projeto de lei que fora apresentado pelo vereador e líder de governo Max Tony? O fato concreto é que o governo antipovo, antidemocrático e autoritário (grifo nosso), não tem como prioridade a qualidade do ensino e, menos ainda, o avanço da aprendizagem dos educandos, ao contrário, pretende embaralhar o ano letivo e institucionalizar prejuízo ao professor, ao secretário escolar, ao Orientador Pedagógico, ao aluno; enfim, todos os envolvidos no processo educativo.
A gestão “Mais avanço, mais conquistas” ainda não percebeu que está no prejuízo? Veja então, as notas do IDEB de 2013, 2015 e 2017! Somente o IDEB de 2009 e 2011 foi positivo! Esse fato é inquestionável e fico feliz por ter contribuído para o avanço do ensino e sua consequente qualidade.
Quando afirmamos que o governo “Mais avanço, mais conquistas”, se mede pelo retrocesso não é nenhum exagero; é uma confirmação intrínseca de um fato histórico! Ele reflete o discurso maledicente da meritocracia inoperante. A realidade educacional local que o diga! Alhures já discorri a esse respeito.
O gestor “descolado” ainda insiste sobre o discurso de desde o início: de que a gestão pública moderna, eficiente e eficaz tem na meritocracia seu fundamento. Tal fetiche resultou no desequilíbrio e no desajuste estrutural no setor educacional.
A principal arma para equalizar/reestruturar/resgatar o sistema municipal de ensino de nossa cidade é inverter a lógica impregnada pelo capital – tendo como pano de fundo, a contenção de gastos – de que um indivíduo pode ser o grande redentor da realidade social. Não, isso é impossível, especialmente quando se trata do campo educacional, onde o ambiente/relação interpessoal deve caracterizar-se pela mediação coletivizada. No sistema municipal de ensino não há um único ‘salvador’, há uma ação coletiva – marcada pela unidade dos trabalhadores em cumprir suas tarefas institucionais. Além disso, é fundamental oferecer as condições de trabalho: material didático-pedagógico e permanente, biblioteca, infraestrutura adequada para que o educando possa realizar suas tarefas com dignidade e etc.
Não há justificativa plausível para o adiamento do ano letivo. O custo desse adiamento será refletido no processo ensino-aprendizagem.
Se, por um lado, a gestão “Mais avanço, mais conquistas” compreende que essa tomada de decisão é a ideal na perspectiva de economizar, por outro, temos plena convicção de que a mesma produzirá um efeito profundamente negativo sobre os educandos. Gostaria neste ínterim, apresentar o valor transferido pelo governo federal à conta do FUNDEB/Codó:
Mês/Ano |
FUNDEB/CODÓ |
Janeiro/2019 |
Valor Transferido (R$ 1,00) |
Débito Benef. |
R$ 81.077.889,00 |
Crédito Benef. |
R$ 96.352.405,65 |
Total |
R$ 15.214.516,65 |
Fonte: www.tesouro.fazenda.gov.br acessado em 02/02/2019.
Resumindo: Codó recebeu a cifra de R$ 15.214.516,65 em janeiro/2019. Ora, certamente que a prorrogação do ano letivo não se justifica pela ausência de recursos financeiros. Há outro motivo para tal decisão. A folha de pagamento será muito leve e, portanto, haverá um saldo significativo para o próximo mês. Isto é, na parte dos 40%.
O governo “Mais avanço, mais conquistas” enamora com o retrocesso e quer casar com o atraso meritocrático, o resultado disso é o completo abandono da estrutura de governo que estamos testemunhando.
A verdadeira revolução educacional tem como pano de fundo o comprometimento da gestão em investir no setor.