Segundo a história, o Antigo Egito era governado por faraós que se mantinham no poder até a morte e, quando viajavam para o lado de lá,passavam seu reinado para os filhos ou as filhas. Acreditando serem descendestes diretos dos deuses que vieram das estrelas, estes teocratas exigiam que os adorassem como tais. Eram poderosos, orgulhosos e arrogantes. Não tinham escrúpulos em comprar, a peso de ouro, a lealdade dos oponentes nem de eliminar os que se recusavam a negociar. Até na morte exigiam que lhes tratassem como divindades. Eram mumificados e enterrados em pomposos sarcófagos, juntamente com seus pertences de ouro, na esperança de futuramente ressurgirem para completar sua glória.
Ora, o tempo passou e o reinado dos faraós também. Hoje todo aqueleglamourde outrora se resume a umas poucas múmias secas, feias e fantasmagóricas. Sem nada possuírem de divinas,são procuradas apenas pelo seu valor histórico.Parece incrível, mas nos dias atuais ainda existem verdadeiros faraós na política brasileira, governando desde pequenos municípios até estados inteiros. Embora não se julguem ‘’descendentes das estrelas”, vivem e agem como se o fossem. Sempre dão um jeito de estarem no poder direta ou indiretamente, numa espécie de dinastia camuflada. Quer seja comprando ou pressionando, tais representantes dessas dinastias conseguem a veneração de seus súditos que os veem como deuses, e que abrem mão de uma das mais valiosas faculdades do ser humano: a capacidade de pensar.
Felizmente, assim como no Antigo Egito, todas as dinastias estão fadadas à ruína. Corroídas pelas próprias ambições e pela vaidade do ‘’endeusamento”, não se dão conta de que o poder é um vício, que com o tempo, desgasta o próprio viciado. Felizmente também, este é um ano que pode trazer mudanças. Resta saber se o povo topa comprar essa briga e destronar as dinastias que governam os estados brasileiros. Mas do que nunca é o momento de se tirar os cetros dessas ‘’divindades’ e permitir que soprem novos ventos nesse deserto chamado Brasil. É preciso abrir as janelas do poder para arejar e aromatizar a política, uma vez que o fedor e o mofo dessas tumbasoligarcas passaram a incomodar nossas narinas.
‘’Torçamos para que,dentro de alguns anos, estes ‘’tutancamons”e ‘’nefertites” de hojesejam para a história o que merecem realmente ser:nada mais que simples achados arqueológicos.”
Por Carlos Magno